Ter um grupo de vendedores talentosos não é o suficiente para fazer um processo de vendas funcionar bem. Você não pode simplesmente deixá-los desbravar e conquistar ao acaso. Todo mundo precisa ter uma direção a partir da qual trabalhar.
Organizar a equipe de vendas torna possível que cada colaborador conheça bem o seu papel e, assim, possa de fato se dedicar com todo o talento e habilidade que tem para oferecer. Esse é um passo e tanto para ter sucesso nas suas vendas.
Porém, mais do que organizar, é muito importante saber também como fazer isso. Escolhendo o melhor tipo de estruturação de acordo com a sua empresa, cultura, objetivos e setor de atuação.
Esse conhecimento garante crescimento a longo prazo! E a gente vai mostrar neste artigo as principais opções para você.
Como ter uma equipe bem organizada para seu processo de vendas
Existem três estruturas principais por meio das quais você pode organizar suas equipes de vendas. Vejamos cada uma delas.
Ilha
Um processo de vendas conduzido por uma equipe em modelo de ilha é bem tradicional. Quando as pessoas pensam em vendedores, elas geralmente imaginam aqueles bem agressivos e insistentes. Um típico vendedor de telemarketing. Esse modelo foi feito justamente para esse tipo de vendedor.
Aqui não há uma estrutura organizacional elaborada. Os funcionários se limitam aos vendedores. Você simplesmente fornece à equipe o necessário para que possam trabalhar. Ou seja: algumas instruções básicas sobre as vendas, uma lista de produtos para serem oferecidos, uma estrutura de comissões, quem sabe um escritório. Nada mais que isso.
Graças a esse cenário, cada vendedor fica responsável pelo seu processo de vendas como um todo. Gerar contatos, qualificá-los, fechar negócios. Esse modelo cria um ambiente de concorrência duro. Não só com o mercado, mas com os demais “companheiros” de time.
Vantagens:
- A supervisão de um gerente é pouco necessária.
- Ideal para processos de vendas simples, que não pedem mais do que duas conversas para fechar um negócio.
Desvantagens:
- O ambiente de trabalho se torna extremamente agressivo.
- Cada vendedor agirá mais por conta própria do que de acordo com os valores de uma organização. Ele terá seu estilo. Isso dificulta controlar como a marca que ele representa será vista no mercado.
- Todo membro da equipe ficará encarregado por todas as etapas do processo de vendas. Isso torna complicado acompanhar métricas.
O processo de vendas em ilha é melhor para qual tipo de empresa?
Uma organização como essa dá certo apenas para tipos de empresas bem específicas: com um mercado muito bem estabelecido e uma concorrência forte. O melhor cenário para o modelo Ilha são ciclos de vendas de alto volume e baixa complexidade, em que uma única pessoa é capaz de executar todo o processo junto do cliente.
Se você está tentando se destacar e encantar clientes, esquece. Conquistar clientes não faz parte desse processo de vendas.
Linha de montagem
Você sabe como o processo de fabricar um produto normalmente funciona? A matéria-prima passa por um longo percurso, dividido em diferentes etapas. Cada uma, responsável por algo que fará com que o produto possa chegar ao seu resultado final.
Se a gente aplicar isso ao processo de vendas, podemos pensar nos potenciais clientes como sendo as matérias-primas. É daí que vem o nome. Em cada uma das etapas da jornada, esses clientes são trabalhados por equipes distintas, com objetivos específicos. Até que fechem o negócio e possam se tornar clientes fieis.
A linha de montagem costuma dividir a equipe de vendas em quatro grupos diferentes, de acordo com suas funções:
- Equipe de geração de leads: fica encarregada pela geração de leads, por meio de diversos canais, como Hunters, tráfego pago, inbound etc.). Eles também coletam informações de contato e demais dados.
- Equipe de qualificação (SDRs): com as informações em mãos, esse time entra em contato com clientes em potencial para qualificá-los. Eles fazem perguntas para ficarem mais por dentro das necessidades deles, assim como do seu processo de tomada de decisão.
- Equipe de executivos de contas (Closers): quando os potenciais clientes estão devidamente qualificados, essa equipe entra em ação. Fazem contato novamente, mas dessa vez para fazer demonstrações, lidar com possíveis objeções e, por fim, talvez fechar negócio.
- Equipe de fidelização (Farmers, como CS e Acc Manager): depois de todo o processo de vendas para ganhar o cliente, essa equipe trabalha para mantê-lo, encantá-lo e continuar fazendo negócio com ele.
Podemos ver então que essa organização dá a oportunidade para a equipe de vendas se especializar, cada uma delas, em diferentes funções. Cada etapa ganha uma equipe dedicada.
Com isso é possível também entender sem grandes dificuldades se as diferentes equipes estão dando conta do recado. Já que, com cada grupo segmentado e tendo KPIs específicos para cada etapa, é mais fácil saber onde estão os gargalos do processo.
Um alto número de leads desqualificados pelos SDR, por exemplo, pode significar um processo falho de geração de leads. Uma baixa taxa de fechamento, por outro lado, pode indicar um processo de qualificação falho. Enquanto isso, uma baixa taxa de sucesso dos Farmers em gerar upsell, resell, ou em manter os clientes como pagantes pode significar fechamentos muito fora do ICP (perfil de cliente ideal).
Vantagens:
- Com etapas bem definidas, é possível medir a performance em cada ponto de conversão, sabendo, por exemplo, quantos orçamentos em média geram uma venda.
- Identificar e resolver a origem de problemas no funil passa a ser mais simples.
- Sua organização cria diversas equipes de especialistas, o que inevitavelmente estimula a eficiência.
Desvantagens:
- Cada time é dedicado a uma parte do funil. Então a transição entre cada uma das etapas do processo de vendas pode ser mais difícil.
- Ter equipes especializadas pode fazer com que seus membros fiquem isolados, sem contato direto com as etapas anterior e seguinte do processo. Nisso, objetivos maiores acabam sendo perdidos de vista.
O processo de vendas em linha de montagem é melhor para qual tipo de empresa?
Equipes de vendas pequenas demais não funcionam bem com esse tipo de organização. Você precisaria de, no mínimo, quatro pessoas. De qualquer forma, a maioria das startups costumam se dar bem com a linha de montagem.
Um processo de vendas dividido dessa maneira faz maravilhas para tornar o ciclo de vendas menos complexo, aumentar a eficiência e facilitar o gerenciamento das equipes. Além disso, quanto mais clientes você tiver, melhor é ter colaboradores especializados e dedicados a etapas distintas.
Cápsulas
Esse modelo é bem parecido com o anterior. Mas nesse caso a ideia é montar equipes mais unidas e integradas, responsáveis por todo o processo de vendas, do começo ao fim.
Em outras palavras, diferentes equipes são criadas, mas cada membro está focado em uma das etapas do ciclo de vendas. Não é a equipe toda que fica responsável por uma só etapa. E isso muda bastante as coisas!
Cada time fica responsável por acompanhar e conduzir a jornada inteira de clientes específicos. A rivalidade não é criada internamente e a competição fica limitada a outras equipes.
O resultado disso é um processo de vendas focado no cliente, com cada grupo trabalhando em conjunto para conquistá-lo e mantê-lo satisfeito.
Normalmente, esse modelo valoriza relacionamentos mais fortes tanto dentro quanto fora das equipes!
Vantagens:
- A equipe de vendas visualiza e contribui para a totalidade do processo de vendas.
- A empatia é parte integrante do time. Graças a isso, a jornada do cliente se dá mais naturalmente.
- Melhor fluxo de informação entre os membros.
- As equipes são mais flexíveis e ágeis.
Desvantagens:
- O potencial de crescimento individual diminui, já que uma das maneiras de estimulá-lo é por meio da competição entre colaboradores em uma mesma função. Algo que não há nesse modelo de organização.
- Ainda que cada membro seja designado a uma função, eles não ficam presos a ela. Todo mundo tem que ser capaz de ajudar assumindo outros papeis, o que reduz o nível de especialização.
O processo de vendas em cápsulas é melhor para qual tipo de empresa?
O modelo de cápsula é o melhor quando se busca versatilidade, não eficiência. Por isso, se a área de mercado na qual você atua é muito competitiva, pode ser difícil ter alguma chance com esse tipo de estrutura. Ainda mais quando as outras empresas trabalham muito bem com suas próprias linhas de montagem.
Mas se você já tem nome no mercado, esses pequenos grupos podem ser uma boa ideia. Especialmente porque são bastante flexíveis e ágeis. O que os torna capazes de lidar com diversos desafios, assim como aproveitar novas oportunidades.
Percebeu como cada um desses modelos serve melhor a um tipo de empresa? Por isso que você não pode deixar seu processo de vendas ao acaso.
Escolha a forma de estruturação mais adequada para o seu cenário e, claro, não esqueça também de fornecer à sua equipe todas as ferramentas necessárias para que possam trabalhar de forma produtiva! Assim todos terão uma base perfeita a partir da qual avançar.